terça-feira, junho 20, 2006

Os fantoches da ministra

Com o objectivo estrito de poupar dinheiro aos cofres do estado, a Sr.ª Ministra elaborou uma proposta de novo estatuto da carreira docente em agrava substancialmente as condições de trabalho dos professores, e em que prejudica, por essa via, o rendimento docente e consequentemente o rendimento do processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
Mas, como consegue poupar imenso dinheiro, ela acha que vale a pena.

Apenas um pequeno problema. Como fazer aprovar tal estatuto? Como derrotar, à nascença,a resistência e revolta dos professores?

Aqui entram os “fantoches” da ministra.

Tratando os pais e Encarregados de Educação deste país como meros fantoches ao seu serviço, a Sr.ª Ministra nem se deu ao trabalho de lhes perguntar quais os aspectos que a eles, os Pais (representados pelas Associações de Pais, para este efeito) mais lhes interessaria verem alterados. Não. Ela decidiu que o que lhes interessava mais do que tudo eram aulas de substituição, os prolongamentos no 1º ciclo e….avaliarem os professores.
E assim, tratados como meros fantoches, e acenando-lhes com tão apetecíveis iscos, a Dr.ª Ministra entendeu que os tinha ganho para travar com ela a sua batalha contra a carreira docente, tal como a conhecemos.
Neste contexto, ganhou uma relevância surpreendente a avaliação dos professores pelos pais, como se fosse esta a mais importante alteração do estatuto. Na verdade, é provavelmente uma alteração menor e, sem dúvida, a menos relevante.

Porquê então, começar por divulgar esta alteração e não qualquer uma das outras de muito maior importância?

Para manipular os pais e apenas para isso.

Tenta a ministra convencer os pais que passarão agora a ter um papel determinante na definição da educação dos seus filhos…pelo facto de poderem “avaliar” os professores…
Mas, entretanto vai decidindo sobre tudo o que verdadeiramente interessa aos pais, sem os ouvir...regras sobre avaliação, horários escolares, apoio aos NEEs, etc etc.

E os pais, convertidos em fantoches da ministra deverão regozijar-se com tamanha revolução nas escolas e que consiste em….avaliarem os professores.
Mas, mesmo assim, a ministra, lá vai dizendo, para quem a sabe ouvir, que a sua proposta é de uma participação minimalista dos pais na referida avaliação…ou seja….a avaliação dos pais não vai servir rigorosamente para nada porque só tinha mesmo por objectivo servir para os manipular colocando-os do lado da ministra na sua guerra que esta decidiu travar contra a classe docente.

Triste guerra essa, em que um dos supostos aliados vai ser a principal vítima da contenda, pois as consequências globais das alterações propostas ao estatuto traduzem-se na construção duma carreira docente desinteressante, não apelativa, relativamente à qual só se interessará quem não for mesmo capaz de se interessar por mais nada, transformando-se assim a classe docente no último reduto de colocação para os formados de pior qualidade saídos do ensino superior, degrandando-se ainda mais a qualidade de ensino nas escola!

Só que há uma coisa que a Srª Ministra ainda não percebeu: é que pais e professores têm uma meta em comum, a educação das crianças. Quem tem por meta poupar dinheiro aos cofres do estado, é a ministra, não são os pais nem os professores.

E portanto, mesmo que conjunturalmente possa ter conseguido fazer dos pais fantoches, a médio prazo tudo ficará claro e a unidade far-se-á, por certo entre aqueles que têm objectivos comuns, ou seja, entre os pais e professores que saberão deitar a Srª Ministra no caixote do lixo da história do sistema educativo português.

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