segunda-feira, novembro 07, 2005


"Si un jour on s'organise, on aura des grenades, des explosifs, des kalachnikovs... On se donnera rendez-vous à la Bastille et ce sera la guerre" - protagonista da revolta, citado em "le Monde"




O regular funcionamento das instituições democráticas é um absurdo se do seu funcionamento não resulta nada.
O autismo governativo face às manifestações pacíficas sindicais, face aos protestos ordeira e controladamente organizados pelas estruturas representativas das massas, não é inócuo.

Tem consequências.

Uma delas é o sentimento generalizado da ineficácia das acções de protestos enquadradas nas regras da democracia que, se por um lado se pode traduzir numa menor participação nas mesmas por outro leva à necessidade de se encontrarem novas formas de acção.

Um governo autista é gerador, e portanto responsável, de formas de actuação que não se enquadram nas regras democráticas, da mesma forma, aliás, que não se enquadra nas regras democráticas a surdez face às manifestações de descontentameno organizadas legalmente no âmbito do regular funcionamento das instituições de que, naturalmente, os sindicatos fazem parte.

Não é enquadrável no espírito da democracia a constante "guerra de números", despoletada pelos governos, para minimizarem, por exemplo, adesões a greves ou a manifestações e, em última instância, conduz "à saída do tiro pela culatra" - ou seja- se as greves e as manifestações têm assim tão pouca força aos olhos dos governantes, certo e sabido será que as massa procurarão e encontrarão outras formas de luta diferentes e tais que dificilmente possam ser minimizadas!!!

Ou será que vai agora também ser possível a Chirac dizer que o número viaturas e edifícios incendiados foi....insignificante???

Quem não teve ainda vontade de dar dois murros bem dados em José Sócrates?

Bem, enquanto for possível sentir alguma eficácia nas acções de protesto previstas na Constituição da República, o nosso Primeiro Ministro poderá, talvez, estar descansado.

Mas...e se continua surdo?

E se não ouve?

Não virá talvez a gerar-se a necessidade de o fazer ouvir por meios mais persuasivos???

Alguém anunciou, há alguns anos, que se tinha chegado ao fim da História. Afinal, parece que estaremos, talvez, no seu início....

Coloca num recipiente herméticamente fechado água. Progressivamente aquece-a. Progressivamente a pressão que ela exerce nas paredes do recipiente aumenta também e chega o momento em que as paredes do recipiente não terão capacidade para aguentarem tal pressão.

No nosso caso, os governantes vão aumentando a pressão, no caso da política educativa em Portugal, o aumento da pressão está em crescendo. Não é difícil prever que o sistema venha a rebentar, da forma mais imprevista que se imagine, da mesma forma que em França ninguém previa a situação presente de guerra civil, porque é já disso que se trata.

A globalização pode não ser, afinal, assim tão simples como eles previam que fosse... Porque,

"Há sempre alguém que resiste,
há sempre alguém que diz: não!"

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