segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Os Vampiros

No céu cinzento Sob o astro mudo
Batendo as asas pla noite calada
Vêm em bandos Com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo. Eles comem tudo
E não deixam nada (bis)
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
-Zeca Afonso

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