segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Autoritarismo e autoridade

Mais uma vez, em altura de greve de professores, os nossos governantes lançam "achas para a fogueira" do descontentamento.

Tal como alguns jornalistas que em época de conflito civilizacional decidiram ser oportuno publicar as célebres caricaturas de maomé.

Seguindo a mesma lógica de oportunidade, é no próprio dia em que os professores se manifestam em greve contra a prática das aulas de substituição não pagas, que o Sr. 1º Ministro decide informar do alargamento de tal medida, no próximo ano, ao ensino secundário.(Nem se entende porque não ao superior....)

Independentemente do juízo que se possa fazer sobre tal medida, vale a pena ponderar sobre o momento em que o seu anúncio é feito.


O momento escolhido tem por objectivo mostrar com clareza o quanto este governo despreza as opiniões dos professores relativamente a estas medidas.
O quanto despreza os próprios professores enquanto classe profissional.

É este o objectivo da escolha deste momento para efectuar tal anúncio. E só este.

O homenzinho não enxerga que vice em democracia, e que, no mínimo, seria sensato criar pontes para o diálogo social.

O homenzinho confunde autoridade, que se adquire ao fim de muitos anos de práticas correctas, com autoritarismo.

O homenzinho assemelha-se àquele tipo de burro a quem colocaram umas vendas e só consegue ver numa direcção: não vê outro caminho senão reafirmar a redução das férias judiciais e afrontar os juízes; não vê outro caminho senão manter as SCUTS, e afrontar tudo e todos; não vê outro caminho senão reafirmar as aulas de substituição dadas "à balda" por professores de qualquer disciplina para fazerem de baby-siters, e afrontar os professores.

O homenzinho julga ter autoridade e vai tendo cada vez menos autoridade enquanto vai demonstrando diariamente o seu crescente autoritarismo e falta de formação democrática.

O homenzinho pensa que como está num país de "brandos costumes", nunca ninguém irá atirar pedras às instalações do seu governo.

Talvez se venha a enganar.

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