quarta-feira, março 15, 2006

A corte

Juntam-se à volta do rei.
Deslocam-se deslizando,
sem fazer ruido com os sapatos,
e estão presentes sem se fazerem notar nos locais mais movimentados.

E, sem que se espere, escutam.
E, sem que se espere, dissertam.
E, sem que se espere, comentam o que não se espera que comentem,
e dizem o que não se espera que digam.

Ah! Mas à mesa do rei, tudo é diferente!
Aí, quem os ouvir, não dirá que são os mesmos.

Cheios de tique, taques, tiquetaques , e salamaleques,
dizem o que o rei gosta de ouvir, pebsam o que o rei gosta que pensem,
e aplaudem quando não se esperaria que aplaudissem,
e gabam o que se esperaria criticarem,
e cantam hinos ao que se julgaria desprezarem.

Porque eles são os ouvidos do rei, os olhos do rei, os narizes do rei,
se for preciso até apalpam em nome do rei.

A corte é uma nobre instituição que dura sempre.

Os cortesãos e cortesãs são imanentes.

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