terça-feira, novembro 21, 2006

Buraco-monumento

Este é o momento.
De pegar no sonho e fazer dele revolta,
De pegar no amor e fazer dele ódio,
De pegar nas palavras e transformá-las armas.

Hoje o vermelho das rosas virou sangue,
O castanho da terra, sofrimento
O azul do mar, ânsias de loucura.

Que se levantem as águas dos rios e dos mares e dos lagos
e também as águas subterrâneas,
em ondas gigantescas
para cobrir a terra
e levar consigo os homens, as cidades, os países,
para o profundo infinito do desconhecido.
Para que sobre só o verde da relva sobre os campos.

E que a seguir as núvens se juntem
E façam fogo de tudo o que se vê e sabe,
Numa manifestação espontânea de relâmpagos improváveis,
mas que de tão reais façam arder o mundo, deixando no final
apenas
um montinho de cinzas negras que o vento varrerá do ser.

E que por fim impluda a Terra,
Ficando apenas um buraco negro no azul do espaço em que orbitava,
em memória do desastre a que se pôs fim.

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