Exº Sr Presidente da Assembleia de Escola
A constituição do órgão a que preside resultou da disponibilidade pessoal dos seus membros que, sem contarem, à partida com qualquer beneficio pessoal resultante de pertencerem à Assembleia de Escola, entenderam dar o seu contributo gracioso para o regular funcionamento das estruturas de gestão estabelecidas pelo DL nº 115-A/ 98.
Trata-se de apenas uma, de entre muitas e muitas das situações em que os elementos da comunidade educativa, em particular os professores, se disponibilizam habitualmente para contribuir para o regular funcionamento do sistema educativo, sem qualquer contrapartida pessoal para o trabalho que desenvolvem.
Entretanto, muita coisa mudou desde então.
Usando o método político do "bode expiatório", procura-se agora fazer crer à sociedade que os males do país se devem às pessoas que são funcionários públicos (o mesmo estilo e política que em outras épocas históricas, levou outros políticos a fazerem crer aos seus governados que todos os seus males se deviam à existência dos judeus...) e, procura-se escamotear o facto de que o número de funcionários e o modo de funcionamento da administração pública não foi definido pelas pessoas que são os funcionários mas pelos governos do bloco central, que os têm vindo a gerir.
Sendo os professores funcionários públicos, foram atingidos pela mesma lógica de pensamento que, nem sequer se preocupa em atentar nas especificidades próprias de cada carreira dentro do funcionalismo público, tratando assim, todos por igual.
Desta forma, enquanto por um lado, se aplicam cegamente as normas propostas em Bruxelas no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento aos docentes, por outro lado, faz-se crer à opinião pública que os maus resultados do sistema educativo se devem à prática dos profissionais do ensino e não às políticas erradas de quem gere o sistema, pretendendo-se que as normas gravosas para os professores que agora se adoptam e que apenas decorrem duma política de contenção de custos, se destinam a melhorar o funcionamento do sistema, quando, na verdade o pioram.
Quem o faz, porém, revela uma ignorância profunda do funcionamento das escolas, nomeadamente em relação a dois dados fundamentais:
1º: O processo ensino-aprendizagam é extremamente delicado em termos da psicologia dos indivíduos envolvidos no processo, sendo a motivação de ambas as partes, fundamental;
2º: Os profissionais docentes padecem sistematicamente dum processo anual de "burn out" psicológico, que impossibilita o trabalho para além de limites muito rígidos, objectivos e quantificáveis.
A ignorância deste dois aspectos fundamentais faz com que as políticas que aparentemente são divulgadas à opinião pública como passos muito acertados e no bom sentido, não passem de poeira lançada aos olhos de quem de ensino percebe muito pouco, e sejam, na verdade, políticas que terão, a muito curto prazo, efeitos tremendamente negativos, no funcionamento do sistema.
Nestas circunstâncias, entendo que participar em órgãos de gestão das escola que têm de gerir e fazer aplicar as actuais políticas erradas do governo é objectivamente pactuar com elas.
Neste contexto, entendo não dever continuar a fazer parte desta Assembleia de Escola, pelo que fica a partir deste momento o meu lugar à disposição de Vª Exª, Sr Presidente.
Sem mais e com os melhores cumprimentos,
Amadora, 19 de Outubro de 2005
habacuc
A constituição do órgão a que preside resultou da disponibilidade pessoal dos seus membros que, sem contarem, à partida com qualquer beneficio pessoal resultante de pertencerem à Assembleia de Escola, entenderam dar o seu contributo gracioso para o regular funcionamento das estruturas de gestão estabelecidas pelo DL nº 115-A/ 98.
Trata-se de apenas uma, de entre muitas e muitas das situações em que os elementos da comunidade educativa, em particular os professores, se disponibilizam habitualmente para contribuir para o regular funcionamento do sistema educativo, sem qualquer contrapartida pessoal para o trabalho que desenvolvem.
Entretanto, muita coisa mudou desde então.
Usando o método político do "bode expiatório", procura-se agora fazer crer à sociedade que os males do país se devem às pessoas que são funcionários públicos (o mesmo estilo e política que em outras épocas históricas, levou outros políticos a fazerem crer aos seus governados que todos os seus males se deviam à existência dos judeus...) e, procura-se escamotear o facto de que o número de funcionários e o modo de funcionamento da administração pública não foi definido pelas pessoas que são os funcionários mas pelos governos do bloco central, que os têm vindo a gerir.
Sendo os professores funcionários públicos, foram atingidos pela mesma lógica de pensamento que, nem sequer se preocupa em atentar nas especificidades próprias de cada carreira dentro do funcionalismo público, tratando assim, todos por igual.
Desta forma, enquanto por um lado, se aplicam cegamente as normas propostas em Bruxelas no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento aos docentes, por outro lado, faz-se crer à opinião pública que os maus resultados do sistema educativo se devem à prática dos profissionais do ensino e não às políticas erradas de quem gere o sistema, pretendendo-se que as normas gravosas para os professores que agora se adoptam e que apenas decorrem duma política de contenção de custos, se destinam a melhorar o funcionamento do sistema, quando, na verdade o pioram.
Quem o faz, porém, revela uma ignorância profunda do funcionamento das escolas, nomeadamente em relação a dois dados fundamentais:
1º: O processo ensino-aprendizagam é extremamente delicado em termos da psicologia dos indivíduos envolvidos no processo, sendo a motivação de ambas as partes, fundamental;
2º: Os profissionais docentes padecem sistematicamente dum processo anual de "burn out" psicológico, que impossibilita o trabalho para além de limites muito rígidos, objectivos e quantificáveis.
A ignorância deste dois aspectos fundamentais faz com que as políticas que aparentemente são divulgadas à opinião pública como passos muito acertados e no bom sentido, não passem de poeira lançada aos olhos de quem de ensino percebe muito pouco, e sejam, na verdade, políticas que terão, a muito curto prazo, efeitos tremendamente negativos, no funcionamento do sistema.
Nestas circunstâncias, entendo que participar em órgãos de gestão das escola que têm de gerir e fazer aplicar as actuais políticas erradas do governo é objectivamente pactuar com elas.
Neste contexto, entendo não dever continuar a fazer parte desta Assembleia de Escola, pelo que fica a partir deste momento o meu lugar à disposição de Vª Exª, Sr Presidente.
Sem mais e com os melhores cumprimentos,
Amadora, 19 de Outubro de 2005
habacuc
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