quarta-feira, outubro 19, 2005

Carta aos nossos dirigentes sindicais

Exmo. Srs.
Mas por que esperam?
A indignação e a revolta dos professores raramente foi tão sentida nas escolas como agora. Os atropelos ao ECD e à nossa dignidade profissional são em catadupa, quer da parte da tutela, quer da parte dos conselhos executivos, reduzidos a nada mais nada menos que a capatazes estupidificados de uma equipa ministerial das mais incompetentes, demagógicas e desconhecedoras da realidade das escolas e das salas de aula de que há memória. Será que os representantes dos professores que estão nos sindicatos também já se esqueceram dessa realidade? Já fui sindicalizada num sindicato e desisti não só porque o que descontava mensalmente me começou a fazer falta, mas também por considerar que a vossa pressão e actuação não eram tão empenhadas como deveriam sê-lo. Embora possam argumentar o contrário, o que têm apelidado de formas de luta, na actual conjuntura, são para mim, e para muitos, demasiados, formas de “ir fazendo que se faz qualquer coisa”. Assim não. Precisamos de representantes confiantes e sem medo, porque o oposto já temos nas escolas.
Unam-se! Acabem com esta tristeza de “n” sindicatos, cada um a defender o seu quintal! Não é isso que os professores querem. Se os outros corpos profissionais se unem, por que razão não o fazemos nós? Andam a fazer apelos tímidos nos vossos sites, a acenarem uns aos outros, a querer cada um ter o ónus da ideia da união, do melhor abaixo-assinado, de quem foi mais reivindicativo… Mas essas patetices interessam a quem? Não a nós, certamente, que nos esmiframos no terreno. Sei que muito do ECD se deve aos sindicatos, sei que têm ajudado muitos colegas. Mas o que vos escrevo é o sentimento de todos os docentes que conheço. Leiam as cartas nos jornais, leiam as mensagens nos fóruns, estejam atentos aos blogs.
Seria bom que nos mostrassem que não é assim. Greves prolongadas, às aulas, às avaliações, às horas de componente não lectiva, sei lá, vocês é que têm os juristas, mas proponham qualquer coisa com impacto na opinião pública. Preferencialmente, acompanhado de um esclarecimento aos pais e encarregados de educação, com um convite ao senhor da CONFAP ou qualquer outro para durante um mês acompanhar como uma sombra o dia a dia de um professor do básico. Embora fosse um sacrifício acrescido, o convite poderia ser extensivo à ministra e ao secretário de estado.
Não dá mais, meus senhores. A descaracterização da nossa profissão entrou num caminho sem retorno. Os enxovalhos são múltiplos e de todos os lados. Nem os enumero, nem me refiro às consequências para a educação deste país. Isso têm feito, e bem, os senhores. Apenas apelo à acção. Urgente.
Obrigada.

Embor colocado aqui por mim, este texto pertence ao seguinte autor: Flor do Azedume

1 comentário:

Anónimo disse...

necessario verificar:)