domingo, dezembro 17, 2006

Bernstein ou Marx? Quem tinha razão?

A social-democracia viveu... até que o capialismo deixou de precisar dela.

Nem a anunciada 3ª via de Blair é já capaz de a salvar. Porque ela já não é mais necessária.

Lembremos então como nasceu a social-democracia, por oposição às teses marxistas da proletarização progressiva da sociedade capitalista:
Eis as principais teses de Bernstein por oposição às teses marxistas:

"1. A progressiva miséria dos trabalhadores não se verifica nas economias capitalistas avançadas; 2. As classes médias estavam longe de se dissolverem no proletariado; 3.O aumento da produção em massa das economias capitalistas, acaba por gerar um aumento de produtos para serem consumidos pelos próprios trabalhadores, tornado-os desta forma beneficiários da riqueza dos capitalistas. Em síntese, no capitalismo o seu estado mais desenvolvido, em vez de aumentar a pobreza, gerava uma melhoria do bem estar da população."
in http://afilosofia.no.sapo.pt/11SocialDemocracia.htm

E assim, durante muitos anos os partidos social-democratas foram gerindo o capitalismo e conseguindo dele um relativo bem-estar e seguranças sociais.
Enquanto....os capitalistas precisaram de dar uma imagem de bem-estar e segurança sociais "patrocinados" pelo capitalismo.

Era o tempo em que a guerra-fria vigorava. O tempo em que dois tipos de sociedade distintos competiam diariamente. O tempo em que se copmparavam os sistemas de saúde, os sistemas de educação, a segurança no trabalho dum lado e do outro do muro e em que era fundamental que nas sociedades europeias não se criasse tal insegurança social que pudesse levar as populações a desejar optar pelo comunismo.

Durante esse tempo o capitalismo renunciou a parte do lucro e financiou a social democracia e os seus governos. E conseguiu fazer acreditar que as teses de Bernstein eram afinal as verdadeiras e falsas as teses marxistas.

Mas hoje a competição acabou. Um dos sistemas ficou sozinho no mundo.
Já passou o momento da necessidade de competir, de comparar.

E, portanto, o capitalismo de hoje não tem já necessidade de sustentar o estado providência. Não precisa mais de manter a sua imagem de fornecedor do bem estar social.

Por isso, hoje, os partidos sociais democráticos ou socialistas não podem já garantir políticas de qualidade de vida para os cidadãos. Já nem o tentam fazer, sequer.

Porque o capitalismo já não lhes paga para isso.
Porque já não precisa.
Porque já não se sente em risco.

Se governam, governam como eles querem.
Se não é como eles querem então nem sequer é.

A social democracia acabou. Nem a 3ª via (ou será 4ª ou 5ª?) de Blair a salvou.

Mas acabaram também as ilusões de Bernstein.

Ele está aí de novo: puro, duro e selvagem como sempre foi, mas agora já sem a necessidade de se disfarçar.

Neste contexto, entendamos Sócrates.
Uma peça útil ao desenvolvimento do capitalismo internacional, porque ainda com a aura "socialista", esta peça é facilitadora da implementação das políticas anti-sociais mais cegas e mais socialmente insensíveis. E estrá no cargo apenas e enquanto tiver esta utilidade.

Neste contexto, é tempo de revisionar a história e procurar saber, afinal, de que lado está a razão, se do lado de Bernstein se do lado de Marx.

1 comentário:

zoltrix disse...

Claro! Exactamente como num filme. Dantes havia a guerra entre os "bons" e os "maus" da fita. Quando a guerra acabou, as pessoas pensavam que os "bons" tinham ganho, coitados, estava-lhes no hábito que assim fosse....