domingo, dezembro 24, 2006
Expoente máximo da pegagogia - a microsoft
Liguei a máquina.
E depois, durante mais de 2 horas fizeram-me criar uma nova fé.
A fé na microsoft enquanto expoente máximo da inovação em pedagogia.
O embrulho começa agora a ficar perfeito.
Novo ECD + microsoft - a revolução no ensino está aí.
É verdadeiramente notável a capacidade demonstrada em transformar um instrumento que pode ser pedagógico, numa máquina de propaganda publicitária ao serviço da microsoft. E é isto fundamentalmente no que consistem os portáteis atribuidos às escolas.
Isto quando tanto se falou por aí no software livre.
Queres fazer uma planificação? Então aí tens o word;
Queres fazer um debate de ideias? Então aí tens o visio;
Queres fazer uma pesquisa na net? Não há melhor que o msn search;
Queres fazer uma apresentação? Aí tens o power point.
E por aí fora.... até chegares ao ponto de juntares tudo no masmo saco, e usarares o VCT, (pomposo conceito(?) de vitual classroom tour) afinal um powerpoint com ligações a todos os programas ferramentas de que necessitas (da microsoft, pois está claro!)
E, ao fim de muitas horas a preparares os teus powerpoints e quejandos, e a ensinares os teus alunos o uso destas ferramentas, eventualmente terás tempo também para lhes ensinares quem foi D. Afonso Henriques, isto se o powerpoint sobre o dito cujo Afonso ficar pronto a tempo de o passares na aula.
Mais um "velho do restelo" a bradar contra a inovação...
Olha que não...
Informática ao serviço da Pedagogia, acho que sim.
Pedagogia ao serviço da Microsoft, acho que não!
E depois, durante mais de 2 horas fizeram-me criar uma nova fé.
A fé na microsoft enquanto expoente máximo da inovação em pedagogia.
O embrulho começa agora a ficar perfeito.
Novo ECD + microsoft - a revolução no ensino está aí.
É verdadeiramente notável a capacidade demonstrada em transformar um instrumento que pode ser pedagógico, numa máquina de propaganda publicitária ao serviço da microsoft. E é isto fundamentalmente no que consistem os portáteis atribuidos às escolas.
Isto quando tanto se falou por aí no software livre.
Queres fazer uma planificação? Então aí tens o word;
Queres fazer um debate de ideias? Então aí tens o visio;
Queres fazer uma pesquisa na net? Não há melhor que o msn search;
Queres fazer uma apresentação? Aí tens o power point.
E por aí fora.... até chegares ao ponto de juntares tudo no masmo saco, e usarares o VCT, (pomposo conceito(?) de vitual classroom tour) afinal um powerpoint com ligações a todos os programas ferramentas de que necessitas (da microsoft, pois está claro!)
E, ao fim de muitas horas a preparares os teus powerpoints e quejandos, e a ensinares os teus alunos o uso destas ferramentas, eventualmente terás tempo também para lhes ensinares quem foi D. Afonso Henriques, isto se o powerpoint sobre o dito cujo Afonso ficar pronto a tempo de o passares na aula.
Mais um "velho do restelo" a bradar contra a inovação...
Olha que não...
Informática ao serviço da Pedagogia, acho que sim.
Pedagogia ao serviço da Microsoft, acho que não!
sexta-feira, dezembro 22, 2006
O futuro está nos microcosmos!!!
Mas, na realidade, para quê tantas escolas por esse país fora??? para quê? e Porquê?
Pois a solução é fácil e está ao alcance do País:
Trata-se da construção dos microcosmos educativos.
2 microcosmos educativos por capital de distrito.
Será a melhor maneira de promover a socialização e diluir o insucesso.
Um microcosmos educativo para o básico.
Outro microcosmos educativo escola para o secundário.
Poder-se-á aproveitar edifícios já existentes (castelos, palácios, centros comerciais) ou, em alguns casos construir de raíz, cnsoante as situações.
Mas, não obstante o investimento inicial (que até será provavelmente compensado pela venda das escolas existentes e terrenos que elas ocupam), o que se poupará em pessoal não docente será fantástico.
Embora nem sequer seja isso que importa.
O importante mesmo é que escolas grandes geram o sucesso escolar, e escolas pequenas o insucesso escolar.
Logo: em escolas gigantescas o sucesso escolar será enorme!!!
Embora não se saiba porquê, sabe-se que é assim.
Embora não haja estatísticas que o comprovem, a ministra diz que é assim.
E se ela o diz, ela socióloga de grande gabarito, não há pois necessidade de mais nenhuma espécie de comprovação.
É assim por que é assim.
É assim e pronto.
Aliás basta ouvir os fazedores de opinião de serviço (pois é verdade, fazedores de opinião...melhor dizer opinion makers - percebe-se menos a conotação antidemocrática da expressão, dizendo-a em Inglês) (sim, porque é verdade, paga-se a um conjunto de senhores para diariamente nos dizerem como havemos nós, simples mortais, de pensar!) (Bem que diziam alguns, nos velhos tempos logo a seguir ao 25 de Abril, que o povo não estava preparado para a democracia. Foi talvez aí que pela primeira vez se sentiu a necessidade da criação do cargo de "opinion maker", não vá o povo atrever-se a construir uma opinião sozinho...)
Mas, dizia eu, basta ouvir os opinion makers explicar que é mesmo verdade, que as escolas pequeninas são geradoras do insucesso e que os sindicatos de professores só as defendem por interesses corporativos.
E isto confesso que não percebo porque até julgava que os professores detestavam terem de ir "desterrados" dar aulas para o "cu de Judas" ainda por cima sem subsídios de deslocação ou de alojamento...
Mas, aí está a vantagen de haver opinion makers... é que nem preciso de perceber, basta escutá-los e depois repetir o que eles dizem e assimficamos certos de não errar, porque assim limitando-nos a reproduzir a opinião que nos fizeram ter por nós, ficamos muito mais seguros e descansados.
Até porque isto de haver tantas escolas até terá eventualmente razões históricas que se prendem com o desvario da 1ª Republica ao construir escolas por tudo o que era sítio...)O Estado-novo, nesse aspecto, não foi suficientemente eficaz, mas valha-nos-nos a Providência que nos deu agora Sócrates e sus muchachos e muchachas.
Portanto, sonhemos acordados:
Lisboa - uma mega escola do básico.
Será a escola de maior sucesso do País. Milhões de alunos juntos a socializarem-se mutuamente.
Vindos de todas as áreas da Grande Lisboa.
Um verdadeiro microcosmos educativo!
E outro microcosmos educativo igual para o secundário!
E assim garantiremos o sucesso da educação em Portugal.
(Bem, assim e claro, com as aulas de substituição!)
Pois a solução é fácil e está ao alcance do País:
Trata-se da construção dos microcosmos educativos.
2 microcosmos educativos por capital de distrito.
Será a melhor maneira de promover a socialização e diluir o insucesso.
Um microcosmos educativo para o básico.
Outro microcosmos educativo escola para o secundário.
Poder-se-á aproveitar edifícios já existentes (castelos, palácios, centros comerciais) ou, em alguns casos construir de raíz, cnsoante as situações.
Mas, não obstante o investimento inicial (que até será provavelmente compensado pela venda das escolas existentes e terrenos que elas ocupam), o que se poupará em pessoal não docente será fantástico.
Embora nem sequer seja isso que importa.
O importante mesmo é que escolas grandes geram o sucesso escolar, e escolas pequenas o insucesso escolar.
Logo: em escolas gigantescas o sucesso escolar será enorme!!!
Embora não se saiba porquê, sabe-se que é assim.
Embora não haja estatísticas que o comprovem, a ministra diz que é assim.
E se ela o diz, ela socióloga de grande gabarito, não há pois necessidade de mais nenhuma espécie de comprovação.
É assim por que é assim.
É assim e pronto.
Aliás basta ouvir os fazedores de opinião de serviço (pois é verdade, fazedores de opinião...melhor dizer opinion makers - percebe-se menos a conotação antidemocrática da expressão, dizendo-a em Inglês) (sim, porque é verdade, paga-se a um conjunto de senhores para diariamente nos dizerem como havemos nós, simples mortais, de pensar!) (Bem que diziam alguns, nos velhos tempos logo a seguir ao 25 de Abril, que o povo não estava preparado para a democracia. Foi talvez aí que pela primeira vez se sentiu a necessidade da criação do cargo de "opinion maker", não vá o povo atrever-se a construir uma opinião sozinho...)
Mas, dizia eu, basta ouvir os opinion makers explicar que é mesmo verdade, que as escolas pequeninas são geradoras do insucesso e que os sindicatos de professores só as defendem por interesses corporativos.
E isto confesso que não percebo porque até julgava que os professores detestavam terem de ir "desterrados" dar aulas para o "cu de Judas" ainda por cima sem subsídios de deslocação ou de alojamento...
Mas, aí está a vantagen de haver opinion makers... é que nem preciso de perceber, basta escutá-los e depois repetir o que eles dizem e assimficamos certos de não errar, porque assim limitando-nos a reproduzir a opinião que nos fizeram ter por nós, ficamos muito mais seguros e descansados.
Até porque isto de haver tantas escolas até terá eventualmente razões históricas que se prendem com o desvario da 1ª Republica ao construir escolas por tudo o que era sítio...)O Estado-novo, nesse aspecto, não foi suficientemente eficaz, mas valha-nos-nos a Providência que nos deu agora Sócrates e sus muchachos e muchachas.
Portanto, sonhemos acordados:
Lisboa - uma mega escola do básico.
Será a escola de maior sucesso do País. Milhões de alunos juntos a socializarem-se mutuamente.
Vindos de todas as áreas da Grande Lisboa.
Um verdadeiro microcosmos educativo!
E outro microcosmos educativo igual para o secundário!
E assim garantiremos o sucesso da educação em Portugal.
(Bem, assim e claro, com as aulas de substituição!)
Tribunal condena roubo
"Isabel Coelho é uma das duas professoras que ganharam as acções judiciais que colocaram contra o Estado. Exigiam às suas escolas o pagamento das aulas de substituição como trabalho extraordinário – pago a dobrar. Os Tribunais Administrativos de Castelo Branco e de Leiria deram razão às docentes e abriram um precedente que pode obrigar o Ministério da Educação (ME) a desembolsar mais de um milhão de euros." - in Correio da manhã de hoje
Porque, na verdade, de um roubo se trata. Ou pior qté que roubo. Trata-se de trablaho exigido e não remunerado.
Basta que mais 4 sentenças proferidas por tribunais decidam no mesmo sentido e ficará estabelecida a obrigação do estado de pagar a todos todas as horas de substituição dadas desde o início da implementação destas aulas!
Se isso vier a acontecer, veremos então a coerência política da Srª Ministra: se continurá ou não a exigência das ditas "aulas".
Porque, na verdade, de um roubo se trata. Ou pior qté que roubo. Trata-se de trablaho exigido e não remunerado.
Basta que mais 4 sentenças proferidas por tribunais decidam no mesmo sentido e ficará estabelecida a obrigação do estado de pagar a todos todas as horas de substituição dadas desde o início da implementação destas aulas!
Se isso vier a acontecer, veremos então a coerência política da Srª Ministra: se continurá ou não a exigência das ditas "aulas".
domingo, dezembro 17, 2006
Bernstein ou Marx? Quem tinha razão?
A social-democracia viveu... até que o capialismo deixou de precisar dela.
Nem a anunciada 3ª via de Blair é já capaz de a salvar. Porque ela já não é mais necessária.
Lembremos então como nasceu a social-democracia, por oposição às teses marxistas da proletarização progressiva da sociedade capitalista:
Eis as principais teses de Bernstein por oposição às teses marxistas:
"1. A progressiva miséria dos trabalhadores não se verifica nas economias capitalistas avançadas; 2. As classes médias estavam longe de se dissolverem no proletariado; 3.O aumento da produção em massa das economias capitalistas, acaba por gerar um aumento de produtos para serem consumidos pelos próprios trabalhadores, tornado-os desta forma beneficiários da riqueza dos capitalistas. Em síntese, no capitalismo o seu estado mais desenvolvido, em vez de aumentar a pobreza, gerava uma melhoria do bem estar da população."
in http://afilosofia.no.sapo.pt/11SocialDemocracia.htm
E assim, durante muitos anos os partidos social-democratas foram gerindo o capitalismo e conseguindo dele um relativo bem-estar e seguranças sociais.
Enquanto....os capitalistas precisaram de dar uma imagem de bem-estar e segurança sociais "patrocinados" pelo capitalismo.
Era o tempo em que a guerra-fria vigorava. O tempo em que dois tipos de sociedade distintos competiam diariamente. O tempo em que se copmparavam os sistemas de saúde, os sistemas de educação, a segurança no trabalho dum lado e do outro do muro e em que era fundamental que nas sociedades europeias não se criasse tal insegurança social que pudesse levar as populações a desejar optar pelo comunismo.
Durante esse tempo o capitalismo renunciou a parte do lucro e financiou a social democracia e os seus governos. E conseguiu fazer acreditar que as teses de Bernstein eram afinal as verdadeiras e falsas as teses marxistas.
Mas hoje a competição acabou. Um dos sistemas ficou sozinho no mundo.
Já passou o momento da necessidade de competir, de comparar.
E, portanto, o capitalismo de hoje não tem já necessidade de sustentar o estado providência. Não precisa mais de manter a sua imagem de fornecedor do bem estar social.
Por isso, hoje, os partidos sociais democráticos ou socialistas não podem já garantir políticas de qualidade de vida para os cidadãos. Já nem o tentam fazer, sequer.
Porque o capitalismo já não lhes paga para isso.
Porque já não precisa.
Porque já não se sente em risco.
Se governam, governam como eles querem.
Se não é como eles querem então nem sequer é.
A social democracia acabou. Nem a 3ª via (ou será 4ª ou 5ª?) de Blair a salvou.
Mas acabaram também as ilusões de Bernstein.
Ele está aí de novo: puro, duro e selvagem como sempre foi, mas agora já sem a necessidade de se disfarçar.
Neste contexto, entendamos Sócrates.
Uma peça útil ao desenvolvimento do capitalismo internacional, porque ainda com a aura "socialista", esta peça é facilitadora da implementação das políticas anti-sociais mais cegas e mais socialmente insensíveis. E estrá no cargo apenas e enquanto tiver esta utilidade.
Neste contexto, é tempo de revisionar a história e procurar saber, afinal, de que lado está a razão, se do lado de Bernstein se do lado de Marx.
Nem a anunciada 3ª via de Blair é já capaz de a salvar. Porque ela já não é mais necessária.
Lembremos então como nasceu a social-democracia, por oposição às teses marxistas da proletarização progressiva da sociedade capitalista:
Eis as principais teses de Bernstein por oposição às teses marxistas:
"1. A progressiva miséria dos trabalhadores não se verifica nas economias capitalistas avançadas; 2. As classes médias estavam longe de se dissolverem no proletariado; 3.O aumento da produção em massa das economias capitalistas, acaba por gerar um aumento de produtos para serem consumidos pelos próprios trabalhadores, tornado-os desta forma beneficiários da riqueza dos capitalistas. Em síntese, no capitalismo o seu estado mais desenvolvido, em vez de aumentar a pobreza, gerava uma melhoria do bem estar da população."
in http://afilosofia.no.sapo.pt/11SocialDemocracia.htm
E assim, durante muitos anos os partidos social-democratas foram gerindo o capitalismo e conseguindo dele um relativo bem-estar e seguranças sociais.
Enquanto....os capitalistas precisaram de dar uma imagem de bem-estar e segurança sociais "patrocinados" pelo capitalismo.
Era o tempo em que a guerra-fria vigorava. O tempo em que dois tipos de sociedade distintos competiam diariamente. O tempo em que se copmparavam os sistemas de saúde, os sistemas de educação, a segurança no trabalho dum lado e do outro do muro e em que era fundamental que nas sociedades europeias não se criasse tal insegurança social que pudesse levar as populações a desejar optar pelo comunismo.
Durante esse tempo o capitalismo renunciou a parte do lucro e financiou a social democracia e os seus governos. E conseguiu fazer acreditar que as teses de Bernstein eram afinal as verdadeiras e falsas as teses marxistas.
Mas hoje a competição acabou. Um dos sistemas ficou sozinho no mundo.
Já passou o momento da necessidade de competir, de comparar.
E, portanto, o capitalismo de hoje não tem já necessidade de sustentar o estado providência. Não precisa mais de manter a sua imagem de fornecedor do bem estar social.
Por isso, hoje, os partidos sociais democráticos ou socialistas não podem já garantir políticas de qualidade de vida para os cidadãos. Já nem o tentam fazer, sequer.
Porque o capitalismo já não lhes paga para isso.
Porque já não precisa.
Porque já não se sente em risco.
Se governam, governam como eles querem.
Se não é como eles querem então nem sequer é.
A social democracia acabou. Nem a 3ª via (ou será 4ª ou 5ª?) de Blair a salvou.
Mas acabaram também as ilusões de Bernstein.
Ele está aí de novo: puro, duro e selvagem como sempre foi, mas agora já sem a necessidade de se disfarçar.
Neste contexto, entendamos Sócrates.
Uma peça útil ao desenvolvimento do capitalismo internacional, porque ainda com a aura "socialista", esta peça é facilitadora da implementação das políticas anti-sociais mais cegas e mais socialmente insensíveis. E estrá no cargo apenas e enquanto tiver esta utilidade.
Neste contexto, é tempo de revisionar a história e procurar saber, afinal, de que lado está a razão, se do lado de Bernstein se do lado de Marx.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Um texto de Santana Castilho
"Gracias profesorado, sin vosotros no seria posible"
06.11.2006, Santana Castilho
Àepígrafe subjaz uma das muitas diferenças que explicam como, tão perto, estamos tão longe. Foi escolhida pela Consejeria de Educación da Junta deAndalucia, da vizinha Espanha, para lema de uma campanha na imprensa, rádioe televisão, visando prestigiar, reconhecer e valorizar socialmente a profissão de professor.A Consejeria está para o governo autonómico da Andaluzia como o nossoMinistério da Educação está para o governo do país. A sua titular,consejera(ministra) Cândida Martinez, considerou o conjunto dos 112.000 professoressob sua tutela "o elemento central do sistema educativo" e quis, com estacampanha, "agradecer em nome de toda a sociedade o trabalho que, em cadadia, realizam estes docentes" nas suas escolas. É caso para dizer, ironicamente: lá, como cá! Lá, 20 anos de adesão àEuropatransformaram a Espanha numa das 10 maiores economias mundiais e 45 milhõesde habitantes em cidadãos. Apesar do atraso, da presença de nações distintas e dos antagonismos linguísticos. Aqui, primeiro-ministro, ministra daEducação e sequazes, tudo têm feito para dividir os 10 milhões de habitantesem bons e maus, produtivos e vilões. Porque a cidadania é escassa, o populismo destes pequenos políticos resulta e espelha-se nos fóruns da TSF eAntena 1, nos correios dos leitores da imprensa escrita e nos comentáriosdos blogues. Os professores são hoje, infelizmente, para muitos portugueses invejosos e pouco esclarecidos, os novos párias da sociedade.O anunciado prolongamento das negociações entre a plataforma sindical e oMinistério da Educação sobre o estatuto dos professores está obviamentecondenado ao insucesso. Os sindicatos reclamaram-no para não serem acusados,mais do que já são por alguns, de intransigência. O ministério aceitou-oporque a lei assim obriga. Ambos sabem que o resultado vai ser nulo. Mas o tema justifica algumas considerações, entre tantas possíveis, que ofereço àreflexão de quem pensa que os sindicatos não passam de forças de bloqueio eos professores de desavergonhados privilegiados.Para reunir cerca de 30.000, vindos de todo o país em dia feriado, econseguir uma adesão da ordem dos 80 por cento a dois dias de greve, tem dehaver um número esmagador e bem superior de professores descontentes. Estarealidade está bem para além da influência do PCP ou dos sindicatos. Significa uma ruptura absolutamente única entre o corpo docente e oMinistério da Educação.Pouco importa que o primeiro-ministro, alardeando insensibilidade política esobranceria pessoal, fale de humor quando devia aproveitar, democraticamente, para reflectir sobre a natureza da mensagem. Pouco importaa boçalidade das gargalhadas da ministra quando interrogada sobre o facto.Os atentos sabem que não há concerto possível para esta política de reformas, que assenta no ataque a determinados grupos profissionais,instigando terceiros contra os "privilégios" por aqueles adquiridos.Falemos de "privilégios". Qual é o vencimento liquido dos professores, depois de 16 anos de estudo, pelo menos, a que acrescem formações periódicasobrigatórias, pós-graduações, mestrados e doutoramentos em número jásignificativo, pagos do próprio bolso? Em inicio de carreira são cerca de 760 euros, 1000 ao fim de 13 anos de serviço, 1400 ao fim de 23 anos detrabalho. Com 30 anos de serviço chegam aos 1700 euros. Será istoescandaloso?O impacto da diminuição salarial proposta pelo Ministério da Educação, projectada ao longo da carreira, chega a atingir verbas da ordem dos 300.000euros. Não deverão os professores lutar por estes "direitos adquiridos"?Para justificar esta rapina, os novos justiceiros falam de justiça social. Estranha maneira de fazer justiça, radicada no cortar, no diminuir e novilipendiar os que já têm algo. Por que não escolhem aumentar os que têmmenos, em vez de lhes alimentar ressentimentos? Que progresso é o deste país, que anda para trás em nome da justiça social?Qualquer professor tem 35 horas de serviço semanal, como qualquerfuncionário público. As 13 dessas horas que não são de aulas sãoinsuficientes para realizar as tarefas que cabem a um professor. Por favor, peço aos portugueses mais distraídos que façam alguns exercícios fáceis.Estejam atentos ao próximo teste que os vossos filhos levem para casa.Leiam-no e reescrevam as anotações que os professores lá exararam. Pensem que ter 200 alunos é uma média corrente. Se o professor fizer dois testespor período e gastar 15 minutos a corrigir cada um, necessitará de 100horas. Quer isto dizer que lhe sobram 50 horas, nesse período de três meses, para reuniões na escola, preparar lições, atender pais, etc., etc. Onde vaiesse tempo?Por favor, preencham duzentas daquelas fichas idiotas que os professores têmque preencher. Cronometrem o tempo.Experimentem um só dia espreitar para o interior de uma escola, daquelas em cujas imediações a policia apreendeu, desde o inicio do ano lectivo, 1159doses de heroína, 1406 de cocaína e 3358 de haxixe. Não falhem uma daquelasonde há rapazinhos com pulseiras electrónicas no tornozelo.Se não mudarem as ideias sobre os privilégios dos professores, digam-me, queeu sugiro mais exercícios, de tantos que poderão clarificar o que é serprofessor, hoje, em Portugal. Professor do ensino superior
06.11.2006, Santana Castilho
Àepígrafe subjaz uma das muitas diferenças que explicam como, tão perto, estamos tão longe. Foi escolhida pela Consejeria de Educación da Junta deAndalucia, da vizinha Espanha, para lema de uma campanha na imprensa, rádioe televisão, visando prestigiar, reconhecer e valorizar socialmente a profissão de professor.A Consejeria está para o governo autonómico da Andaluzia como o nossoMinistério da Educação está para o governo do país. A sua titular,consejera(ministra) Cândida Martinez, considerou o conjunto dos 112.000 professoressob sua tutela "o elemento central do sistema educativo" e quis, com estacampanha, "agradecer em nome de toda a sociedade o trabalho que, em cadadia, realizam estes docentes" nas suas escolas. É caso para dizer, ironicamente: lá, como cá! Lá, 20 anos de adesão àEuropatransformaram a Espanha numa das 10 maiores economias mundiais e 45 milhõesde habitantes em cidadãos. Apesar do atraso, da presença de nações distintas e dos antagonismos linguísticos. Aqui, primeiro-ministro, ministra daEducação e sequazes, tudo têm feito para dividir os 10 milhões de habitantesem bons e maus, produtivos e vilões. Porque a cidadania é escassa, o populismo destes pequenos políticos resulta e espelha-se nos fóruns da TSF eAntena 1, nos correios dos leitores da imprensa escrita e nos comentáriosdos blogues. Os professores são hoje, infelizmente, para muitos portugueses invejosos e pouco esclarecidos, os novos párias da sociedade.O anunciado prolongamento das negociações entre a plataforma sindical e oMinistério da Educação sobre o estatuto dos professores está obviamentecondenado ao insucesso. Os sindicatos reclamaram-no para não serem acusados,mais do que já são por alguns, de intransigência. O ministério aceitou-oporque a lei assim obriga. Ambos sabem que o resultado vai ser nulo. Mas o tema justifica algumas considerações, entre tantas possíveis, que ofereço àreflexão de quem pensa que os sindicatos não passam de forças de bloqueio eos professores de desavergonhados privilegiados.Para reunir cerca de 30.000, vindos de todo o país em dia feriado, econseguir uma adesão da ordem dos 80 por cento a dois dias de greve, tem dehaver um número esmagador e bem superior de professores descontentes. Estarealidade está bem para além da influência do PCP ou dos sindicatos. Significa uma ruptura absolutamente única entre o corpo docente e oMinistério da Educação.Pouco importa que o primeiro-ministro, alardeando insensibilidade política esobranceria pessoal, fale de humor quando devia aproveitar, democraticamente, para reflectir sobre a natureza da mensagem. Pouco importaa boçalidade das gargalhadas da ministra quando interrogada sobre o facto.Os atentos sabem que não há concerto possível para esta política de reformas, que assenta no ataque a determinados grupos profissionais,instigando terceiros contra os "privilégios" por aqueles adquiridos.Falemos de "privilégios". Qual é o vencimento liquido dos professores, depois de 16 anos de estudo, pelo menos, a que acrescem formações periódicasobrigatórias, pós-graduações, mestrados e doutoramentos em número jásignificativo, pagos do próprio bolso? Em inicio de carreira são cerca de 760 euros, 1000 ao fim de 13 anos de serviço, 1400 ao fim de 23 anos detrabalho. Com 30 anos de serviço chegam aos 1700 euros. Será istoescandaloso?O impacto da diminuição salarial proposta pelo Ministério da Educação, projectada ao longo da carreira, chega a atingir verbas da ordem dos 300.000euros. Não deverão os professores lutar por estes "direitos adquiridos"?Para justificar esta rapina, os novos justiceiros falam de justiça social. Estranha maneira de fazer justiça, radicada no cortar, no diminuir e novilipendiar os que já têm algo. Por que não escolhem aumentar os que têmmenos, em vez de lhes alimentar ressentimentos? Que progresso é o deste país, que anda para trás em nome da justiça social?Qualquer professor tem 35 horas de serviço semanal, como qualquerfuncionário público. As 13 dessas horas que não são de aulas sãoinsuficientes para realizar as tarefas que cabem a um professor. Por favor, peço aos portugueses mais distraídos que façam alguns exercícios fáceis.Estejam atentos ao próximo teste que os vossos filhos levem para casa.Leiam-no e reescrevam as anotações que os professores lá exararam. Pensem que ter 200 alunos é uma média corrente. Se o professor fizer dois testespor período e gastar 15 minutos a corrigir cada um, necessitará de 100horas. Quer isto dizer que lhe sobram 50 horas, nesse período de três meses, para reuniões na escola, preparar lições, atender pais, etc., etc. Onde vaiesse tempo?Por favor, preencham duzentas daquelas fichas idiotas que os professores têmque preencher. Cronometrem o tempo.Experimentem um só dia espreitar para o interior de uma escola, daquelas em cujas imediações a policia apreendeu, desde o inicio do ano lectivo, 1159doses de heroína, 1406 de cocaína e 3358 de haxixe. Não falhem uma daquelasonde há rapazinhos com pulseiras electrónicas no tornozelo.Se não mudarem as ideias sobre os privilégios dos professores, digam-me, queeu sugiro mais exercícios, de tantos que poderão clarificar o que é serprofessor, hoje, em Portugal. Professor do ensino superior
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Diabo das gralhas...Vivam as gaivotas!
Pois parece que umas gralhas se meteram onde não deviam e vai daí, a versão final do ECD aprovado em Conselho de Ministros, não contempla, afinal, alguns dos acordos conseguidos(?) com o ministério,pelos sindicatos, nas últimas rondas negociais.
Bem que fazem as gaivotas em tentar colocar as gralhas em vias de extinção!
domingo, dezembro 03, 2006
Alteração curiosa...
Há dois anos atrás era frequente afirmar-se o seguinte:
"Pois, estes alunos até gostam de estar na escola, o que eles não gostam é de ir às aulas"
Estas afirmações traduziam uma realidade que se observava com frequência nas escolas e que, se por um lado reflectiam um aspecto negativo, por outro traduzia-se na realidade de ser possível à escola promover um conjunto de actividades extra-curricula, que conseguiam atraír os miúdos ao espaço escolar, afastando-os da rua e, em alguns casos, da rua e da marginalidade.
Mas isto era há dois anos atrás.
Hoje, e em relação ao mesmo tipo de alunos, a afirmação que se faz, já não é esta. Sofreu actualização:
"Pois, estes miúdos detestam as aulas e não gostam de estar na escola"
Porque a escola se transformou, de facto, de um espaço de alguma liberdade e feliz convivência, para um espaço opressivo e obsessivo.
E os putos que antes, por vezes, faltavam às aulas mas estavam na escola, agora continuam a faltar às aulas só que também já deixaram de entrar sequer na escola....
"Pois, estes alunos até gostam de estar na escola, o que eles não gostam é de ir às aulas"
Estas afirmações traduziam uma realidade que se observava com frequência nas escolas e que, se por um lado reflectiam um aspecto negativo, por outro traduzia-se na realidade de ser possível à escola promover um conjunto de actividades extra-curricula, que conseguiam atraír os miúdos ao espaço escolar, afastando-os da rua e, em alguns casos, da rua e da marginalidade.
Mas isto era há dois anos atrás.
Hoje, e em relação ao mesmo tipo de alunos, a afirmação que se faz, já não é esta. Sofreu actualização:
"Pois, estes miúdos detestam as aulas e não gostam de estar na escola"
Porque a escola se transformou, de facto, de um espaço de alguma liberdade e feliz convivência, para um espaço opressivo e obsessivo.
E os putos que antes, por vezes, faltavam às aulas mas estavam na escola, agora continuam a faltar às aulas só que também já deixaram de entrar sequer na escola....
Pais preocupados?
A possibilidade de uma greve deixa, no entanto, os pais “preocupados”. António Castela, presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (Ferlap), sustenta que perante o clima de contestação às políticas do Governo a posição da federação é a “manutenção do apelo, lançado no início do ano, para que sindicatos e Ministério da Educação levem a bom termo as negociações sem que isso prejudique o percurso escolar dos alunos”. -in Correio da Manhã
É natural, é justo, faz todo o sentido que os pais e, por consequência, as associações de pais e encarregados de educação que são representativas de alguns dos pais e mães deste país, se manifestem e manifestem as suas preocupações com a educação dos seus filhos.
Mas também é natural e é justo que o façam com a informação necessária com conhecimento de causa e sabendo tomar partido.
As associações de Pais não são uma Presidência da Republica que deva estar de bem com tudo e com todos, pelo menos publicamente.
E porque muitas coisas aconteceram nestas últimas semanas que mereceriam a viva preocupação dos pais e associações de alguns deles, estranho é que a preocupação só se manifeste relativamente a uma questão de curtíssimo prazo: as avaliações de final de período.
Apela o Sr Castela ao bom termo das negociações.
Mas pena foi que estas Associações não tivessem dado um passo no sentido de fazer compreender à Srª Ministra e sua equipa que a maioria das alterações ao estatuto são negativas para a melhoria do ensino em Portugal!!!!
Teriam assim talvez contribuido efectivamente para o tal "bom termo"das negociações! Deixaram passar a oportunidade. Foi uma pena!
Prefiram ficar de bem com Deus e com o Diabo...
Mas, para além da aprovação de um mau estauto da carreira docente que irá no concreto e no curto médio e longo prazo prejudicar gravemente o ensino neste país, foi também aprovado um muito mau orçamento de estado que corta a eito nas despesas com a educação.
Então e este aspecto, não deixa os pais e as Associações que representam alguns deles preocupados?
Pois. Será talvez preciso um acidente grave numa escola, por falta de haver quem efectue vigilância, para que então, para mostrarem que "estão vivos" aos outros pais, uma destas associações se lembre de fechar por umas horitas a tal escola a cadeado.
Mas entretanto o orçamento passou, e não se ouviram; o estatuto passou e não se ouviram; os filhos passaram a estar nas escolas em regime semi-prisional, e não se ouviram.
Não se ouvem relativamente a nada do que é estruturante.
Preocupam-se, afinal, é com as notitas....
É natural, é justo, faz todo o sentido que os pais e, por consequência, as associações de pais e encarregados de educação que são representativas de alguns dos pais e mães deste país, se manifestem e manifestem as suas preocupações com a educação dos seus filhos.
Mas também é natural e é justo que o façam com a informação necessária com conhecimento de causa e sabendo tomar partido.
As associações de Pais não são uma Presidência da Republica que deva estar de bem com tudo e com todos, pelo menos publicamente.
E porque muitas coisas aconteceram nestas últimas semanas que mereceriam a viva preocupação dos pais e associações de alguns deles, estranho é que a preocupação só se manifeste relativamente a uma questão de curtíssimo prazo: as avaliações de final de período.
Apela o Sr Castela ao bom termo das negociações.
Mas pena foi que estas Associações não tivessem dado um passo no sentido de fazer compreender à Srª Ministra e sua equipa que a maioria das alterações ao estatuto são negativas para a melhoria do ensino em Portugal!!!!
Teriam assim talvez contribuido efectivamente para o tal "bom termo"das negociações! Deixaram passar a oportunidade. Foi uma pena!
Prefiram ficar de bem com Deus e com o Diabo...
Mas, para além da aprovação de um mau estauto da carreira docente que irá no concreto e no curto médio e longo prazo prejudicar gravemente o ensino neste país, foi também aprovado um muito mau orçamento de estado que corta a eito nas despesas com a educação.
Então e este aspecto, não deixa os pais e as Associações que representam alguns deles preocupados?
Pois. Será talvez preciso um acidente grave numa escola, por falta de haver quem efectue vigilância, para que então, para mostrarem que "estão vivos" aos outros pais, uma destas associações se lembre de fechar por umas horitas a tal escola a cadeado.
Mas entretanto o orçamento passou, e não se ouviram; o estatuto passou e não se ouviram; os filhos passaram a estar nas escolas em regime semi-prisional, e não se ouviram.
Não se ouvem relativamente a nada do que é estruturante.
Preocupam-se, afinal, é com as notitas....
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