sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Invente-se uma nova esquerda....

O aborto.
Por aqui passa a linha fronteiriça que separa a esquerda da direita.
Será?

O combate ideológico esquerda-direita é então o confronto entre o sim e o não, relativamente à interrupção voluntária da gravidez até às....blá blá blá....
Será?

Depois dizem que não. Que é antes de mais uma questão de consciênia.

Pois. Mas como diabo dentro de um partido político todos têm a mesma consciência?
Como pode um partido envolver-se numa campanha a favor do sim ou do não, se de questão de consciência se trata?

Ou então não é, afinal, uma questão de consciêcia mas uma questão de política?

Ou então é a política que dita a consciência e são os partidos que governam as consciências?

Mas se são os partidos que governam as consciências, porque não decidem então eles de uma vez, na Assembleia da Republica e precisam de fazer um referendo às consciências que ele próprios governam?

Na discussão do tema da descriminalização do aborto é frequente ouvir-se empregar o termo hipocrisia.

Não é portanto estranho que seja também por um processo hipócrita, o do referendo, que os partidos decidam que se deva decidir o que há de ser a lei.

E tão mais hipócrita quanto ele permite uma discussão tão acesa sobre o tema (discusão em que já nada se discute porque se repete e volta a repetir o que já se vem dizendo há anos, duma parte e doutra) que ofusca todas as outras discussões que pudessem ou devessem ser feitas neste momento em Portugal, como, por exempo, a constiuição progressiva dum estado-empresa com a inversão do primado do poder político sobre o poder económico, constitucionalmente definida.

O referendo sobre a lei do aborto é, na conjuntura actual, não mais do que um inrtumento de diversão ideológica, que permite ao PS implementar uma e mais uma vez, a sua política de direita económica, social e constitucional, fazendo as demais forças de esquerda prisioneiras de um debate que não agendou e que em que esgotam a energia de que necessitariampara a bordagem e mobilização das pessoas relativamente às questões fulcrais que verdadeiramente fazem a diferença ideológica entre a esquerda e a direita.

Mais uma vez, a mesma mestria de maquiavelismo político que permitiu a Sócrates fazer eleger o seu candidato a Presidente Cavaco Silva, consegue pôr agora en discussaõ o tema do aboprto, evitando que se "aqueçam os ânimos" face às restruturações de direita que ele impõe nas estruturas do estado português.

Quer lá o "bom" do Sócratates saber da despenalização do aborto para alguma coisa....
Importa-lhe, isso sim, que se não discuta a corrupção, a privatização da administração pública, os maus resultados económicos do governo!

E enfileirados e bem a compasso da batuta de Sócrates, vemos homens de esquerda como Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã, a fazerem do referendo o grande Objectivo da sua acção políitica presente, como se aeventual vitória do SIM no refrendo, lhes dessa o alcançar da "Terra Prometida"!

"Oh, pastor que choras, o teu rebanho onde está?
deita as cabras fora, carneiros é o que mais há!"

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