segunda-feira, agosto 01, 2005


Ao Segundo!!!!


Passou o tempo em que o tempo pouco se contava.
Era preciso mais, fazia-se mais.
Era preciso prolongar, prolongava-se.
Era o tempo da conhecida "carolice", em que a dedicação à causa pedagógica se sobrepunha à contagem das horas que a ela eram dedicadas.

Porque se pressupunha alguma consideração, pelo menos.....já que não dinheiro.

E nem se imagina quantos problemas se resolviam por este processo....

Desde o apoio a clubes, o pôr em funcionamento de sistemas informáticos na ausência de técnicos ao serviço, o funcionar de bibliotecas, o fazer de horários, etc, etc, etc.

Só por quem lá nunca andou é que não sabe...

Mas passou.

Agora é altura de pegar no relógios e andar com ele.
E contar, não ao minuto mas ao segundo.

A reunião é de 2 horas. São duas e um segundo.
_Bem, então a reunião "já era"!

O computador desligou e as faltas não entraram....Daqui a 15 minutos estará bom!
_Olha, bom para ele! Para mim "já foi", os meus segundos pagos já passaram. Fica para a semana.

O Sr. Encarregado de Educação atrasou-se. Por favor espere mais um minutinho.
_Atrasou-se? Pois que não se atrasasse. O meu relógio diz-me que o meu tempo pago já acabou e eu não trabalho de borla...

Porque se esgotou o tempo útil da dedicação dada a ausência total de reconhecimento pelo sistema, sejamos, pois, máquinas, que não precisam de incentivos mas que também não entram em funcionamento por amor à causa....

Cumpramos o nosso horário de trabalho escrupulosamente. Nem mais nem menos do que isso.

Assim seremos bons profissionais!

Nem mais um segundo a trabalhar de borla!!!!

Professores de todas as escolas, UNI-VOS!!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Sete horas????
35-24=11
35-22=13
35-...=...
35-12=23(????????)

habacuc disse...

O"um dos tais" não pensou em várias coisas, porque não sabe o que é ser professor...Vamos então fazeras contas a sério:

1º De 35 tem de tirar logo 4 ou 5 ou 6 (depende das escolas) que ficarão, de acordo com as orientações actuais, para ocupar em trabalho de apoio a alunos com dificuldades de aprendizagem ou aulas de substituição. Sobram portanto efectivamente 6 ou 7 ou 8 horas.(depende de cada escola)

2º Mas façamos algumas contas mesmo partindo do princípio que eram verdade as 13 (35-22=13)
Dado que há 5 dias de aulas por semana e que 22:5 dá 4,... , vamos assumir que um professor com 22 horas tem 4 aulas por dia (o que não perfaz as 22 mas enfim...)
Se pensarmos que para se preparar para cada uma das aulas o professor necessita, na melhor das hipóteses, um mínimo de 3o minutos (o que não é verdade pois se tiver de, por exemplo, construir acetatos ou fichas de trabalho gasta ,muito mais) Bem mas deixemos os 30 minutos de preparação por aula e façamos contas:
para cada dia: 30 X 4 = 120 (duas horas, portanto)
2 hora x 5 dias = 10 horas
Assim, em cada semana e só para preparar o que vai fazernas aulas dessa semana, já estão gastas 10 horas.
Logo, das teóricas 13 horas já só sobram 3 horas.

Se , digamos em 2 dos dias da semana o professor levar para casa trabalhos de casa de 2 turmas para corrigir, e imaginando que se trata dum trabalho simples, digamos que se cada turma tiver 20 alunos e ele levar 3 minutos a ver cada trabalho, o professor gastará:
3 X 20 X 2 = 120 minutos, ou seja 2 horas.
Logo, das 3 horas já só sobra 1.

Estas contas estão todas a ser feitas "por defeito", com é óbvio.

Mas agora, se nessa semana, em outras duas turmas ele tiver feito uma ficha de avaliação, e se gastar 5 minutoa a ver, corrigir e cotar e classificar cada ficha de avaliação, vamos ter:
2 X 5 X 20 = 200 minutos , ou seja, 3 horas e 10 minutos o que significa que gastaria 2 horas e 10 minutoa a mais do tempo concedido para o efeito.

Dado que ao professor não são pagas horas extraordinárias para trabalho extra sala de aula, é óbvio que ele deverá deixar as fichas para a semana subsequente, em que, provavelmente já terá fichas das outars duas turmas que tem....

Bem, poderíamos continuar a fazer contas, juntando o tempo gasto em contactos com colegas para coordenação de atitudes, contactos pessoais com os alunos, contactos de trabaçlho com o Director de Turma, contactos com os pais, e outros. Deixemos para isso 1 hora em cada semana. è menos do que o que se gasta habitualmente....

Feitas as contas, as 13 horas seriam e são de facto insuficientes e o que acontece na prática é que os professores têm, até aqui, trabalhado de facto, muito mais do que isso! Já sem falarmos dos momentos em que organizam exposições ou visitas de estudo....
Só que, em minha opinião deverão desde deixar de o fazer e já!!!
É essa a única forma dauqeles que não são professores se começarem a aperceber do que é, de facto, o trabalho dum professor, nomeadamente a ministra, que de educação no ensino básico e secundário não percebe nada de nada e anda a enganar todos.

Anónimo disse...

Já afirmei que logo na primeira aula vou informar alunos e encarregados de educação sobre o meu horário, incluindo número de turmas e alunos por turma, níveis, reuniões ordinárias e restante serviço na escola. Vou dividir as horas que me sobram para trabalho individual pelas turmas, actividade por actividade.Não pretendo gastar um minuto a mais para além do meu horário de trabalho. Não pretendo gastar papel e tinta da minha impressora para imprimir fichas ou testes, ou gastar os meus acetatos. Garanto-
-vos! Faço o que conseguir fazer com vontade, empenho e brio no meu horário de trabalho. Não consegui uma notícia actual para levar para a aula? Uso as do manual. Não consegui fazer um acetato? Dito e eles escrevem. Não consegui ler os textos para aperfeiçoamento? Não faço a actividade. Não tive oportunidade de procurar um texto mais interessante? De planificar aquela aula tão motivadora? Mando-
-os ler um texto e responder às perguntas. Não houve tempo de fazer o teste? De corrigir o teste? De corrigir o TPC? A composição? Paciência... amor com amor se paga. Cara ministra, caros presidentes lambe-botas, dou-vos os parabéns! Conseguiram aquilo que em tantos anos de casamento o meu marido não conseguiu: pôr-me juízo na cabeça e fazerem-me ter um horário de trinta e cinco horas.
Só não sei como vão reagir os meus alunos, aqueles afinal que são a razão de ser de tudo isto. Como me irão estranhar! Talvez até se portem mal, porque a stora já não "ensina de forma fixe" e as aulas passem a ser "secas" e sejam mal-educados e me chamem aqueles mimos que mais nenhum licenciado ou carroceiro deste país admitiria a algum adulto, quanto mais a um fedelho. E aí ficarei deprimida e triste, mas não poderei ficar em casa,porque já se foi o tempo em que os baldas dos profes "metiam atestado" por dá cá aquela palha. Continuarei a cumprir o meu horário, em baixo, sem paciência, frustrada, num círculo vicioso em que as aulas serão cada dia mais pobres e a relação pedagógica mais infernal, mas em que a ministra está contente pela coragem que julgou ter e os pais estão felizes porque já não têm de pagar ATL. A qualidade das aprendizagens? Isso fica para a altura da divulgação dos resultados dos exames ou do próximo relatório PISA... a culpa será sempre do professor, o remador que dá a cara e enfrenta a ondulação dia após dia.
Espero que a partir de Setembro todos os professores deste país correspondam ao apelo da tutela e cumpram com desvelo os respectivos horários. Talvez em breve,então, os pais percebam o quão cegos e injustos têm sido... talvez os conselhos executivos percebam que nunca deviam ter deixado de ser professores.